Conforme informa o senhor Aldo Vendramin, o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de grãos do mundo, com destaque para soja, milho e trigo. Apesar do avanço tecnológico no campo e do crescimento constante da produção, o país enfrenta um gargalo crítico: a falta de estruturas adequadas para armazenagem. Esse déficit de silos e armazéns compromete não apenas a qualidade dos grãos, mas também a logística e a rentabilidade do setor agropecuário.
Vamos entender nesta leitura como a carência de estruturas impacta o mercado de grãos e quais são os caminhos para enfrentar esse desafio estrutural no Brasil.
Por que o Brasil tem um déficit na armazenagem de grãos?
O principal motivo para o déficit de armazenagem é o crescimento da produção agrícola que não foi acompanhado por investimentos proporcionais em infraestrutura. Muitos armazéns públicos e privados são antigos, têm capacidade limitada ou estão mal distribuídos geograficamente. O resultado é uma estrutura que não comporta o volume atual de grãos colhidos em todo o país.

Além disso, como elucida Aldo Vendramin, a concentração da capacidade de armazenagem nas mãos de grandes cooperativas e tradings dificulta o acesso dos pequenos e médios produtores a locais adequados para guardar sua produção. Em muitos casos, o agricultor precisa recorrer a armazéns distantes, o que aumenta custos com transporte e reduz a margem de lucro. A falta de financiamento específico e de políticas públicas eficazes também agrava esse cenário.
Como a falta de silos afeta a comercialização dos grãos?
Sem espaço para estocar os grãos após a colheita, muitos produtores se veem obrigados a vender imediatamente, o que pode significar negociar em momentos de baixa nos preços. Essa venda forçada compromete a lucratividade e impede que o produtor aproveite melhores oportunidades ao longo do ano. A ausência de armazenagem reduz, portanto, o poder de barganha e de planejamento estratégico da produção.
De acordo com Aldo Vendramin, outro impacto direto está na logística e no escoamento da safra. Com armazéns sobrecarregados ou inexistentes, o transporte dos grãos precisa ser feito com urgência, muitas vezes gerando congestionamento nos portos e aumento nos custos operacionais. Isso prejudica a eficiência do agronegócio brasileiro como um todo, tornando-o menos competitivo no mercado internacional e mais vulnerável a oscilações externas.
Quais são as soluções para enfrentar o déficit de armazenagem?
Uma das soluções mais apontadas por especialistas é o incentivo à construção de silos nas propriedades rurais, permitindo que o produtor tenha maior autonomia sobre sua produção. Para isso, é fundamental ampliar o acesso a crédito rural com condições favoráveis, como juros baixos e prazos estendidos. Segundo o empresário Aldo Vendramin, investir na armazenagem na fazenda também contribui para a descentralização da logística e a redução da pressão sobre os portos.
Outra alternativa importante é a modernização e ampliação dos armazéns públicos, especialmente em regiões estratégicas de grande produção agrícola. Parcerias público-privadas, incentivos fiscais e programas de financiamento específicos podem acelerar esse processo. Além disso, o uso de tecnologias de gestão e monitoramento da armazenagem pode melhorar a eficiência e prolongar a conservação dos grãos, reduzindo perdas e aumentando o valor agregado ao produto final.
Em suma, o déficit de armazenagem de grãos no Brasil é um desafio estrutural que afeta diretamente a comercialização, os lucros e a competitividade do setor agrícola. Sem silos suficientes, o produtor perde poder de negociação e o país perde eficiência logística. Para Aldo Vendramin, investir em infraestrutura de armazenagem, tanto nas propriedades quanto em centros de distribuição, é urgente e necessário para acompanhar o ritmo da produção e manter o Brasil entre os líderes globais do agronegócio.
Autor: Ziezel Kaljar