Ao observar uma criança em contato com a natureza, é possível perceber algo puro, espontâneo e verdadeiro. O olhar curioso para um inseto, o cuidado ao regar uma planta, a empolgação ao descobrir uma pedra diferente — tudo isso revela uma conexão profunda, que muitas vezes os adultos perderam com o tempo. De acordo com Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, autora do livro Bichos Vermelhos e entendedora do assunto, as crianças têm muito a nos ensinar sobre como respeitar, valorizar e proteger o meio ambiente.
Enquanto os adultos muitas vezes tratam a natureza como um recurso a ser explorado, as crianças enxergam nela um espaço de descoberta, encantamento e afeto. E é nesse olhar sensível que podemos encontrar inspiração para reavaliar nossas atitudes e fortalecer o compromisso com a sustentabilidade.
A infância como exemplo de sensibilidade ecológica
As crianças costumam se envolver emocionalmente com o que as cerca. Um animal ferido, uma árvore cortada ou um rio sujo causam nelas reações autênticas de tristeza, indignação e vontade de ajudar. Essa sensibilidade, que muitas vezes é subestimada, é uma expressão genuína de empatia — e um ponto de partida poderoso para a educação ambiental.

Segundo Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, reconhecer essa capacidade é essencial. Em vez de apenas ensinar as crianças a cuidar da natureza, devemos também aprender com elas. O modo como observam os detalhes, respeitam os seres vivos e valorizam a beleza do ambiente ao redor é um lembrete de que o cuidado com o planeta começa no afeto.
Curiosidade e respeito: uma combinação transformadora
Uma das principais características da infância é a curiosidade. As crianças fazem perguntas, investigam, querem entender como as coisas funcionam. Quando essa curiosidade é direcionada para o mundo natural, ela se transforma em admiração — e a admiração leva ao respeito.
De acordo com Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, é nesse processo que surgem oportunidades valiosas de aprendizado mútuo. Ao incentivar a exploração da natureza, seja em parques, jardins ou mesmo em livros como Bichos Vermelhos, criamos espaços onde a criança aprende — e também ensina — a cuidar.
Pequenas ações, grandes lições
Atitudes simples como não arrancar flores, proteger um ninho de passarinho ou economizar água no dia a dia mostram que o cuidado com o meio ambiente pode estar presente nas ações mais rotineiras. Crianças que convivem com esses hábitos passam a reproduzi-los naturalmente — e também a cobrar posturas semelhantes dos adultos ao seu redor.
Conforme destaca Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, as crianças são excelentes multiplicadoras de bons exemplos. Em muitos casos, são elas que lembram os pais de apagar a luz, separar o lixo ou não desperdiçar alimentos. Ao valorizarmos essas pequenas ações, reconhecemos que a infância tem muito a oferecer ao debate ecológico.
A literatura como reflexo e ampliação desse aprendizado
Livros infantis com temática ambiental, como Bichos Vermelhos, ajudam a ampliar a consciência ecológica já presente nas crianças. As histórias reforçam valores que elas já compreendem intuitivamente: o cuidado, o respeito à diversidade e a importância de preservar a vida.
Segundo Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, ao se identificar com os personagens e situações das histórias, as crianças fortalecem seus vínculos com o meio ambiente. E mais do que isso: inspiram os adultos a fazer o mesmo.
Conclusão: aprender com quem ainda vê com encantamento
Cuidar da natureza não exige fórmulas complicadas — exige presença, atenção e afeto. E isso, as crianças têm de sobra. Ao observar como elas se relacionam com o mundo natural, percebemos o quanto temos a (re)aprender.
Com obras como Bichos Vermelhos, Lina Rosa Gomes Vieira da Silva nos convida a recuperar esse olhar encantado e cuidadoso. Porque, no fundo, é com as crianças que aprendemos a amar o planeta de forma mais honesta e transformadora.
Autor: Ziezel Kaljar