A China está intensificando seus esforços para impulsionar a venda de veículos elétricos (VEs) por meio de uma política agressiva de substituição de carros antigos por modelos novos. O objetivo é não apenas revitalizar o mercado automotivo, mas também consolidar o país como um dos maiores centros de produção e consumo de veículos sustentáveis. A expectativa é que, com a nova medida, as vendas de VEs alcancem 10 milhões de unidades até o final deste ano, segundo projeções da Bloomberg NEF.
Recentemente, o governo chinês anunciou a duplicação dos subsídios oferecidos para a troca de veículos, ampliando um programa introduzido em abril. Com essa decisão, a China pretende reverter a desaceleração nas vendas de automóveis observada no primeiro semestre de 2024. Os consumidores que optarem por substituir seus veículos antigos por modelos elétricos poderão receber incentivos de até 20.000 yuans (aproximadamente US$ 2.760). Já aqueles que preferirem carros a gasolina mais eficientes poderão receber até 15.000 yuans.
Além dos incentivos oferecidos pelo governo central, diversas cidades chinesas também estão adotando suas próprias políticas de estímulo. As bonificações locais variam e podem chegar a US$ 1.400 por veículo, ampliando ainda mais o apelo para os consumidores. O governo reservou cerca de 11,2 bilhões de yuans para o programa, suficiente para apoiar a substituição de até 1,6 milhão de veículos por opções mais sustentáveis e modernas.
As estimativas da BloombergNEF indicam que esses incentivos podem resultar em até 2 milhões de vendas adicionais de veículos no país, com aproximadamente 1,1 milhão de novas unidades elétricas. O impacto financeiro dessa política deve gerar uma receita de aproximadamente US$ 26 bilhões. No entanto, a medida também impõe desafios para os fabricantes chineses de VEs, que já enfrentam uma guerra de preços acirrada e dificuldades para acessar mercados internacionais.
O mercado chinês tem um enorme potencial para renovação de sua frota automotiva. Atualmente, mais de 26 milhões de veículos com motor a combustão interna registrados sob os antigos padrões de emissão China III ainda circulam pelo país. Desse total, cerca de 16 milhões continuam em uso. Além disso, existem 1,2 milhão de veículos elétricos registrados antes de 2018, dos quais menos de 400.000 foram desativados até agora.
Nos primeiros seis meses de 2024, a China registrou o descarte de 2,78 milhões de veículos, um aumento de 28% em relação ao mesmo período do ano anterior. O governo chinês estabeleceu a meta de substituir 3,78 milhões de veículos até o final do ano, mas até agora apenas 600.000 subsídios foram concedidos, sugerindo que há espaço para mais crescimento.
Essa política de incentivo à troca de veículos vai além do simples aumento nas vendas de automóveis. Trata-se de um passo importante rumo à redução das emissões de carbono e à promoção de um transporte mais sustentável. Com um forte apoio governamental e uma crescente conscientização ambiental entre os consumidores, a China se posiciona como um líder emergente no mercado global de veículos elétricos.