A criação de brinquedos nunca foi uma tarefa simples, mas se torna ainda mais complexa quando o objetivo é incluir todas as infâncias. O CEO Lucio Winck explica que é necessário enxergar a diversidade de corpos, histórias e formas de brincar como ponto de partida, e não como adaptação posterior. A infância não é uma experiência única, e o brinquedo precisa refletir essa pluralidade desde a concepção até a entrega.
Há uma tendência crescente em tornar o universo lúdico mais representativo, mas muitas empresas ainda esbarram em uma visão limitada do que significa “inclusão”. Brinquedos que consideram crianças com deficiência, com diferentes tons de pele, realidades sociais ou necessidades sensoriais ainda são minoria no mercado. Isso revela um desafio estrutural: pensar a brincadeira de forma verdadeiramente acessível exige mais do que boa intenção, mas pede compromisso com o processo criativo e com o impacto que ele gera.
O que significa, na prática, criar brinquedos inclusivos?
Criar brinquedos inclusivos vai muito além de colocar uma cadeira de rodas em uma boneca. Trata-se de desenvolver experiências lúdicas que todas as crianças possam acessar e se ver representadas, com autonomia e prazer. O CEO Lucio Winck ressalta que esse processo exige escuta ativa de especialistas, famílias e, principalmente, das próprias crianças, para entender como elas brincam, do que gostam e o que as impede de participar plenamente da brincadeira.

É também um trabalho de pesquisa e empatia. Materiais, formatos, cores, texturas e funcionalidades precisam ser pensados considerando a diversidade motora, sensorial, cultural e emocional do público infantil. A inclusão acontece quando a criança não precisa adaptar seu jeito de brincar para caber no brinquedo, mas quando o brinquedo já considera a riqueza do seu jeito de ser desde o início.
Quais barreiras ainda impedem essa evolução no setor?
Um dos principais obstáculos é o modelo de produção em massa, que tende a padronizar o que deveria ser múltiplo. Produtos são pensados para uma suposta “maioria”, excluindo crianças que não se encaixam nesse molde. O CEO Lucio Winck frisa que isso ocorre não por má fé, mas por falta de diálogo com a complexidade da infância. O setor ainda opera sob ideias ultrapassadas sobre o que é “normal” ou “comum”, desconsiderando nuances fundamentais.
Desenvolver brinquedos acessíveis pode exigir investimentos maiores em design, testes e materiais, o que muitas empresas evitam por receio de aumento de custo. No entanto, ignorar esse processo custa muito mais a longo prazo: perpetua a exclusão e impede que milhões de crianças tenham experiências lúdicas plenas e formadoras.
Como as empresas podem começar a transformação?
O primeiro passo é reconhecer que brinquedos têm impacto social profundo. Eles são instrumentos de desenvolvimento emocional, motor e cognitivo. O CEO Lucio Winck reforça que o compromisso com a inclusão precisa estar presente desde as etapas iniciais do projeto: do briefing ao teste com o público-alvo. Isso evita que a diversidade seja tratada como “extra” e passe a ser parte integrante da equação. A inclusão nos brinquedos não é uma causa específica: é uma necessidade básica para uma infância mais justa, rica e representativa.
Caminhos para uma nova forma de brincar
O mercado de brinquedos tem a oportunidade de se tornar uma das maiores ferramentas de inclusão infantil do século, mas, para isso, é necessário abandonar modelos ultrapassados e assumir um novo olhar sobre a diversidade. O CEO Lucio Winck reforça que criar brinquedos inclusivos é um convite à escuta, à empatia e à reinvenção constante. Ao permitir que todas as crianças se reconheçam no momento da brincadeira, abrimos portas para uma geração mais consciente, confiante e conectada com o mundo ao seu redor.
Autor: Ziezel Kaljar